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Arrependimento. Palavra arredia. Fugidiva. Negação do passado. Remorso. Lamentação. Nada disso combina com alguém que, tomado majoritariamente pela razão, resolve, enfim, ouvir o que o seu coração dizia… e se joga, em queda livre, nas graças e garras da paixão.

Eu não me arrependo dos beijos roubados, das mordidas ganhas e dos olhares trocados. Honestamente, segui meu coração. Por acaso, devo ser culpada por isso? Creio que não.

Afinal, o que mais ouvimos a vida inteira reside em “siga seu coração”. Pois eu segui o meu. Ele foi feliz por alguns meses antes de se afogar no mar de lágrimas que o esperava no fundo do poço da realidade.

No fundo do poço eu poderia me arrepender. Negar o sentimento aflorado e vivido. Mas isso seria hipocrisia. E o amor, já ensinou o poeta, é livre para ser amado. É dado de graça e semeado ao vento… Eu fui sincera em meus sentimentos. Por acaso, devo ser culpada por isso?

Creio que não. Eu não fiz nada sozinha. Eu tinha um cúmplice. O dono, eleito pela sorte do destino, dos meus sonhos e dos meus sorrisos.

Eu sofri. Eu sabia que iria sofrer, mas tentava não me lembrar disso. Eu me machuquei. Eu quase ganhei uma úlcera. Eu tive medo. Eu pensei sobre tudo muitas vezes. E sei que outras pessoas também sofreram suas dores. Nessa hora, novamente, eu poderia me arrepender. Mas eu não posso matar, mais uma vez, meu coração em virtude da tão aclamada razão.

Eu não me arrependo por ter me envolvido. Por ter sofrido. Eu reconheço o lado bom e o lado ruim. E é nesse balanço que posso evoluir. Eu não me arrependo, pois não posso simplesmente negar o passado.

E se queres saber: eu não faria de novo. E isso não é se arrepender. É avaliar. É não culpar o coração por ter se apaixonado por quem não poderia… e por ter permitido a ele viver uma nova paixão.

O arrependimento chega sempre tarde. As coisas já aconteceram, o mundo já deu as voltas. Prefiro ser verdadeira, assumir no lugar de fingir, desculpa se você não entende isso.