A cada dia, uma espinha nova no rosto. Pensou que era do chocolate. Decidiu cortar. Não houve melhora no aspecto facial, mais oleoso que o habitual. Voltou para o chocolate e promoveu o senso comum, usado como desculpa para todas questões femininas: “hum, devem ser os hormônios”.

Acordou com vontade de comer feijão fradinho. Há anos não come. Procurou nos mercados do bairro. Não tinha. Ligou a TV no programa de culinária, a triste coincidência gastronômica: salada de feijão fradinho! Que água na boca! O desejo pelo cereal aumentou quando lembrou que caldo de feijão fradinho combina com bacon. Salivou. Prometeu atravessar a cidade em busca do feijão fradinho.

Subiu na balança da farmácia e comemorou o “quase um quilo” ganho em menos de um mês. Sem esforço. Brincou consigo mesma que o biotônico ingerido na adolescência deu resultado tardio.

Olhou o calendário, calculou os dias. Num misto de medo e coragem da própria sorte pensou “será que ele gosta de feijão fradinho?”.

Resolveu dar um tempo para voltar a farmácia e comprar o dito teste. Foi viajar. Quando chegou ao destino, sentiu o calor entre as pernas. Não sabe se sua reação foi de alívio ou decepção. Afinal, como justificar os acontecimentos se não há um bebê neste ventre, implorando por um bom prato de feijão fradinho?