Hoje não vou escrever sobre você. Seja lá quem você for. Hoje eu não vou escrever sobre um suposto muso com jaqueta de aviador, nem sobre um garoto com olhos de ressaca e sorriso tímido de um geek. Também não vou escrever sobre o brilho dos olhos claros que me tirava o fôlego, como se a minha capacidade respiratória fosse comandada pela minha visão.
Hoje eu vou escrever sobre mim. Sobre essa vontade que tenho de sumir do mundo e me esconder dentro de um abraço… que nunca virá. Sobre a minha fuga de encontros a dois e possibilidades de romances que antevejo e sei que não quero desenvolver. Sobre o quanto eu me esforço para ser legal e o quanto eu perco a paciência com quem vive de aparências e falsos elogios. Sobre o silêncio da minha voz e a velocidade do meu pensamento. Sobre os sonhos de um futuro bom. Com céu azul, grama verde e sorrisos. Sobre o vazio a ser preenchido. E o preenchido a ser vazio.
Hoje eu vou escrever sobre a possibilidade de tudo ser verdade. E de a imaginação ser memória inventada.